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A pandemia de Covid-19 fez com que fossem cancelados os planos de expandir o turismo de Aurora do Tocantins, destino de ecoturismo das Serras Gerais, a 530 km de Palmas. Localizada no sudeste do estado e conhecida pelo rio Azuis e pelas cavernas e grutas, a pequena cidade de 4 mil habitantes retomou as atividades turísticas em 4 de setembro, oito meses após o primeiro decreto de fechamento total para conter o avanço do coronavírus.
Esta é a última reportagem da série Paraísos em crise, na qual o G1 ouviu donos de pousadas e de comércios locais de Caraíva (BA), Ilha Grande (RJ) e Aurora do Tocantins. Os entrevistados contaram como foram os meses sem essas atividades (veja mais sobre Aurora do TO no vídeo acima).
“Estávamos todos muito confiantes de que 2020 seria o ano de colher todo o esforço feito até então para desenvolver as atrações turísticas de Aurora. Seria o nosso ano de mostrar resultado para a região, que nunca acreditou que desenvolver o turismo sustentável fosse viável”, diz Paulo Vitor Máximo, guia de turismo da Desbrava Ecotur em Aurora.
“A gente estava conseguindo entrar nos roteiros de grandes agências do Jalapão, para também fazer parte do destino turístico da região.”
Aurora de Tocantins vem reforçando o seu nome entre os destinos turísticos no Brasil — Foto: Divulgação
Paulo conta ainda que, com a pandemia, viu a sua vida mudar completamente: o trabalho faltou e o nascimento da primeira filha gerou apreensão sobre o futuro incerto.
“Foi uma bomba no meu colo. Eu tinha agendado grandes grupos e empresas de outros estados para fazerem passeios aqui. Fui vendo um a um sendo cancelado, e foi bem desesperador”, relembra.
“A mentalidade geral em Aurora foi a de segurar ao máximo com as economias, porque era tudo muito incerto sobre o tempo que duraria. Eu dei meu jeito, fui revender máscaras, que também era uma alternativa para ajudar a comunidade no combate ao coronavírus”, afirma.
“Aurora é, em sua maioria, uma população com pessoas com mais idade, que são consideradas grupo de risco para a Covid. Então, a gente tem a preocupação de manter um ambiente saudável e seguro, em relação a receber turistas, para proteger a nossa comunidade.”
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Conheça Aurora do Tocantins
Cidade no sudeste do estado tem o 3º menor rio do mundo e 200 cavernas.
Para Wagner José de Moura, secretário de Meio Ambiente, Turismo e Agricultura, a suspensão temporária das atividades turísticas na cidade não vai refletir no objetivo de colocar Aurora ao lado de outros grandes destinos no Brasil.
“Nós vínhamos de dois anos de muito trabalho em função do turismo. Por muito tempo, Aurora ficou conhecida somente pelo Rio Azuis. E a gente buscou desenvolver outras atividades e destinos que também pudessem ser atrativos para os turistas que nos visitassem. Assim, as pessoas começaram a reconhecer a cidade também como destino para outras rotas”, diz Moura.
Segundo Moura, “os empresários, de uma maneira geral, apostaram muito nessa nossa ideia de transformar o turismo de Aurora”.
E, com o fechamento geral do turismo por um tempo, gerou uma frustração em todos de uma maneira geral. Mas nós retomamos, assim como outras nove cidades das Serras Gerais. Há dois anos a cidade de Aurora só tinha um hotel, hoje são sete. Agência de turismo não existia e agora são três. Isso para nós é um resultado positivo do que estava sendo feito. Essa retomada do turismo na pandemia vai servir para nos inspirar a seguir.”
Abertura com protocolos e colaboração local
O Rio Azuis é uma das principais atrações da região das Serras Gerais — Foto: Diviulgação
Para a abertura gradual das atividades econômicas de Aurora do Tocantins, um protocolo foi elaborado em parceria com as autoridades do estado. As pousadas e hotéis mantêm 50% da lotação, alternando os quartos ocupados. A mesma orientação acontece com os restaurantes, que dispõem as mesas a dois metros de distância.
“O protocolo é muito importante para ser respeitado e a gente tenta seguir. Porque isso reflete diretamente no nosso trabalho. Se uma ameaça maior surgir outra vez, somos nós quem saímos perdendo. Então, é preciso respeitar e a nossa comunidade está pronta para isso. Os turistas também precisam chegar com essa mentalidade de colaborar para que tudo funcione com segurança para todos”, afirma o secretário de Turismo.
Para Osmane José da Silva, que é chef do Restaurante Agenda 21 e também dono de pousada, as atividades estão sendo retomadas de acordo com o que é permitido e vão além das expectativas.
“Já estamos, com as restrições do distanciamento local, conseguindo bater 80% de lotação. Nos restaurantes, podemos receber até 60 pessoas, o que já gera uma fila de espera. Com isso a gente também vai aprendendo uma mudança de comportamento. Existe uma apreensão, um medo, porque ainda estamos em uma pandemia, mas precisamos trabalhar.”
O restaurante Agenda 21, do chef Osmane José da Silva, está se adaptando às novas regras sanitárias para funcionamento na pandemia — Foto: Divulgação
“Nesses meses que estivemos fechados foi tudo muito difícil. Foi um impacto muito grande na economia da região, porque tudo parou. De um dia para o outro a gente não tinha o que fazer. Antes da pandemia eu tinha uma cadeia de fornecedores, 14 funcionários trabalhando diretamente comigo. E isso tudo foi quebrado de uma hora para a outra. Agora, aos poucos a gente está tentando se reorganizar à medida que as coisas vão acontecendo”, diz.
Veja, abaixo, os vídeos da série Paraísos em crise:
3 min
Paraíso em crise: Caraíva – Bahia
Paraíso em crise: Caraíva – Bahia.
3 min
Paraíso em crise: Ilha Grande – Rio de Janeiro
Paraíso em crise: Ilha Grande – Rio de Janeiro
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