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Por Leonardo Benassatto e Ueslei Marcelino
IAUARETÊ, Amazonas (Reuters) – Um helicóptero do Exército voou para duas aldeias indígenas isoladas na selva amazônica esta semana com uma carga animadora –vacinas contra o coronavírus.
As comunidades hupda fizeram fila para tomar injeções.
A medicina tradicional prescrita por um xamã é muito respeitada no local, mas não houve resistência em receber a CoronaVac, vacina da chinesa Sinovac Biotech.
“Nós agradecemos a vacinação, assim não vamos pegar a doença”, disse o cacique Jorge Pires, do povoado Hupda, no vilarejo de Santo Antanasio, próximo à fronteira com a Colômbia e a 25 minutos de voo de helicóptero do posto militar mais próximo.
Após críticas de líderes indígenas que ecoaram internacionalmente no ano passado de que suas comunidades vulneráveis estavam sendo “dizimadas” pela Covid-19, os ministérios da Saúde e da Defesa montaram uma campanha de vacinação incluindo reservas e aldeias remotas.
Até o momento, 265.244 indígenas tomaram a primeira dose e 124.063 a segunda, dos 400 mil atendidos pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde.
De acordo com o serviço, 50 mil indígenas foram infectados e 589 morreram de Covid-19.
Esses dados não incluem metade da população indígena do Brasil, mais de 800.000, não coberta pela Sesai porque mudaram de terras e reservas tradicionais.
O Brasil enfrenta um surto de Covid-19 que está se agravando, com recorde de mortes nos últimos três dias, chegando a 1.910 óbitos em 24 horas na quarta-feira. Até agora, mais de 262 mil pessoas morreram e 10,8 milhões foram infectadas no país, o segundo em número de mortes, atrás apenas dos Estados Unidos.
Na aldeia de Taracuá Igarapé, não houve casos de coronavírus devido ao seu isolamento, mas evitar que a doença se alastre é fundamental para proteger as comunidades indígenas que vivem sob o mesmo teto e não podem praticar o distanciamento social.
O desafio de chegar a 20 mil indígenas que vivem em uma área de selva do tamanho de Portugal é enorme e exige viagens de helicóptero, porque viajar por rios sinuosos leva dias, disse o coronel do Exército Sylvio Doktorczyk.
“Quando falamos de Amazônia, tudo é superlativo, inclusive as dificuldades! Particulamente as grandes distâncias e os grandes leitos dos rios, então a grande dificuldade que se tem em realizar qualquer ação aqui é a logística”, afirmou o coronel à frente da missão.
Foi uma visita de retorno às duas aldeias para inocular aqueles que perderam a primeira dose porque estavam caçando ou pescando, e para aplicar a segunda dose de CoronaVac em outros.
“Eles gostaram de tomar a vacina, meu povo e minha comunidade gostaram da vacina e gostam de quando vêm o pessoal médico”, disse Jovino Pinoa, após receber sua segunda injeção.
(Reportagem de Leonardo Benasatto e Ueslei Marcelino)
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