A pirita é um mineral que, por conta de seu brilho e aspecto dourado, foi popularmente chamado de “ouro de tolo” durante a corrida do ouro na Califórnia, ocorrida na década de 1940. Muitos garimpeiros acreditavam ter encontrado o metal precioso, quando, de fato, não passava de uma composição de dissulfeto de ferro sem muito valor. Mas agora se sabe que esse “ouro”, na verdade, não era tão “de tolo” assim. É que uma nova pesquisa revela que pequenas quantidades de ouro podem ficar presas nos cristais que se formam nessas piritas.
O estudo, conduzido por um grupo de cientistas da Curtin University, na Austrália, descobriu que quando o cristal de pirita está se formando sob pressão e temperaturas extremas, ele pode adquirir algumas imperfeições em sua estrutura cristalina, e então essas imperfeições seriam “decoradas” por átomos de ouro. O elemento precioso também é comumente chamado de “ouro invisível”, pois não pode ser observado com um microscópio padrão — apenas com equipamentos científicos sofisticados.
Enquanto um cristal se forma, seus átomos se organizam em um padrão conhecido como rede atômica, mas, quando a pirita se forma dentro de uma rocha, esse padrão pode desenvolver algumas imperfeições. Quando esse mineral se forma nas profundezas da Terra, ele pode ser esticado ou retorcido e, assim, as ligações entre os átomos vizinhos são quebradas e refeitas. Com isso, surgem bilhões de pequenas falhas chamadas de deslocamentos, aproximadamente 100 mil vezes menores do que a expessura de um fio de cabelo.
Por serem tão minúsculas, essas imperfeições precisam ser analisadas em um instrumento específico, chamado sonda atômica. Uma ferramenta como esta é capaz de analisar materiais em resoluções extremamente altas, mas, mais do que isso, permite que cientistas construam modelos de mapa 3D que apontam a localização exata de impurezas presentes em um cristal — nesse caso, o ouro presente nas imperfeições da pirita.
Apesar da pequeníssima quantidade de ouro presente em minerais como a pirita, pesquisas como esta podem fornecer detalhes sobre como os depósitos de minerais se formam. Por exemplo, até então, pensava-se que o ouro invisível presente no mineral fosse o resultado de várias etapas, ou seja, que a pirita e o ouro se cristalizavam em momentos distintos e então se juntavam. Denis Fougerouse, principal autor do artigo, diz que os resultados da pesquisa sugerem que o “ouro de tolo” pode se formar em um único processo.
Fougerouse e sua equipe também acreditam que as novas descobertas possam ajudar mineradores a extrair o ouro da pirita com mais eficiência, reduzindo potencialmente as emissões de gases de efeito estufa. “Para extrair o ouro, o mineral costuma ser oxidado em grandes reatores, que utilizam uma quantidade considerável de energia”, explica. Ele ainda acrescenta: “talvez a pirita ainda cumpra sua reputação histórica de ‘ouro de tolo’ até que técnicas de processamento de minério, melhores e mais ecologicamente, sustentáveis sejam desenvolvidas”.
O estudo foi publicado no dia 24 de junho deste ano no periódico científico Geology.
Fonte: ScienceAlert
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