A LG está longe do top 5 no mercado global de celulares, mas ocupa há anos o terceiro lugar em vendas no Brasil. O que acontece quando uma fabricante que responde por 12% do market share simplesmente some? As outras empresas brigam por esse espaço – e isso pode levar a um domínio ainda maior da Samsung e Motorola no país.
Especialistas ouvidos em sigilo pelo Mobile Time acreditam que, com a LG desistindo de celulares, deve se formar um duopólio entre Samsung e Motorola no Brasil. Elas ocupam a primeira e segunda posição em vendas e poderão “ditar o preço dos dispositivos aos varejistas”.
Segundo o analista Renato Meireles, da IDC Brasil, isso deve afetar principalmente os celulares intermediários, que custam entre R$ 1,1 mil e R$ 2 mil. Esse segmento representou 42% das vendas em 2020, e era nele em que as três principais fabricantes tinham uma concorrência maior.
No total, foram vendidos 46,18 milhões de smartphones em 2020, queda de 8% em relação ao ano anterior. Enquanto isso, o preço médio do celular subiu 24%. O dólar é parcialmente culpado, mas isso também é um reflexo da demanda dos consumidores por recursos melhores.
“O consumidor já está em seu terceiro, quarto ou quinto smartphone”, explica Meireles ao Mobile Time. “É um mercado de substituição e ele vai buscar uma faixa de preço premium ou super premium. E a tendência é manter essa constante de crescimento.”
Com menos opções de celular disponíveis no Brasil, o mercado cinza pode crescer este ano – são consumidores que importam aparelhos sem pagar imposto. Esse segmento explodiu em 2019, com alta de 344% de acordo com a IDC. No ano passado, a consultoria registrou aumento de 0,5%; este ano, ela prevê uma taxa de 4,5%.
LG desiste de celulares
A saída da LG deixou várias questões em aberto. Por isso, o Procon-SP notificou a empresa para que preste explicações sobre o impacto ao consumidor. Os funcionários da fábrica em Taubaté (SP) seguem em greve enquanto não recebem esclarecimentos.
A LG acumula mais de US$ 4 bilhões em prejuízo na divisão móvel. Felipe Mendes, gerente geral da GfK na América Latina, afirma ao Mobile Time que “o mercado de smartphones é caro de se participar, uma vez que é necessário investir muito em inovação, parcerias, marketing e distribuição”.
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